Direto do retiro dos super-heróis brasileiros

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Se vida de super-herói já não é fácil, imagina vida de super-herói brasileiro? Sucumbem todos ao menor sopro dos colegas norte-americanos.

Digo isso porque se a gente procurar, encontramos a cada dia um super-herói brasileirinho esquecido no tempo. Ao contrário dos gringos com muitos sempre ativos por décadas.

As Aventuras do Falcão Negro foi um seriado exibido pela Tupi entre 1957 e 1964. Criado totalmente no Brasil por Péricles Leal, era um espadachim francês, num tempo em que “Capa e Espada” atraía não só a garotada, mas os adultos também, visto as inúmeras novelas do tipo que eram feitas.

Com certa semelhança ao Zorro dos EUA, só sobraram pequenos trechos do programa, além de alguns números dos quadrinhos publicados a partir de 58 e um disco infantil com o áudio do que seria a primeira historinha. Ouça o lado A e Lado B no player abaixo ou clicando aqui


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Não é muita coisa apenas ouvir, mas dá pra ter uma ideia do que foi. Algo bem distante da nossa realidade se comparado a outros heróis como Capitão Asa e o Vigilante Rodoviário.
Dary Reis e Gilberto Martinho em A Escrava Isaura (1976)

Como a emissora não era em rede (e no começo não contava com videotape) o programa era feito duas vezes com elencos diferentes no Rio de Janeiro e em São Paulo. No Rio Falcão Negro era interpretado por Gilberto Martinho, e em São Paulo ficou a cargo de José Parisi.

Martinho se notabilizou mais tarde interpretando vilões na TV, principalmente após a novela Irmão Coragem (1970), mas no começo foi herói. É identificável no áudio a voz do ator Dary Reis, parceiro de Martinho em incontáveis novelas da Globo, inclusive na já citada.

Após guerrilhar com os mal feitores que zanzavam pelo reino medieval, Falcão Negro dizia a frase: "Morra, miserável!" no final de cada episódio. "Morra, miserável!" deve ter virado um bordão nos sete anos no ar.

A primeira imagem é um oferecimento Anos Dourados, a segunda Che Guavira.
Veja também:
Os incríveis salvadores da pátria: Heróis do Brasil
Mirza - Estaca de Pau Brasil
Por onde roda o Vigilante Rodoviário?


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7Comentários

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  1. Viu ali no canto inferior da capa? "Leia neste número: Traição em Saint Germain"; acabei de ver uma reportagem do jornal local na TV, anunciando uma exposição da Turma da Mônica aqui na cidade, mostrando o primeiro gibi e a primeira história, com o título: "A Mônica é daltônica?" isso no final dos anos 70. Fiquei admirado com esse título em uma história da Turma da Mônica há mais de 30 anos, e agora fiquei admirado com esse "Traição em Saint Germain" em uma história brasileira. Parece outro nível...(pra cima).

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  2. Gastão, ontem no capítulo de Rainha da Sucata, a Ohana citava Os Miseráveis. Quando que uma novela de hoje ficaria 5 minutos falando sobre isso?

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  3. gostei do teu blog :)

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  4. Então, vc falou de novela, lembrei de outra, na primeira versão de Ti Ti Ti (1985), a personagem Eduarda (Betty Goffman), na fase revoltada, em determinado momento revela que está lendo "A Carne" de Júlio Ribeiro, ao que a personagem Walkiria (Malu Mader) faz cara de choque e pergunta se "não é muito forte" (no remake, acho que o gesto equivalente para chocar os outros foi trazer uma cabra para o apartamento chique do pai; poderia dizer que estava lendo "Delta de Vênus", mas hoje em dia uma moça de 18-20 anos dizer que leu isso não choca mais).

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  5. Gastão, muita boa vontade a sua ainda ver novela. rs

    Falando sério, curiosa essa sua observação comparativa. Imagina, ler livro em novela como forma de revolta não feria sentido algum em 2013. Caminhamos pra onde?

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  6. Não sei se o problema para criar e manter personagens de ação em mídias de massa no Brasil é mais a falta de boas ideias ou de dinheiro para realizar os projetos. Teoricamente um personagem interessante, dentro de um contexto nacional, com uma história bem construída (texto / roteiro e visual) em um produto bem acabado (filmagem / papel de qualidade / boa encadernação / apresentação final) teria um público interessado e seria viável também em terras brasileiras.
    Ou talvez já estamos acostumados a associar "boas histórias de super-heróis" com a produção estrangeira (as 2 grandes editoras, Marvel e DC, no caso de mída impressa, e os seriados como Smallville, ou filmes blockbuster como Avengers). Acho que a última tentativa nesse sentido foi "Armação Ilimitada" (e ainda contava, vc lembra, com uma personagem chamada "Zelda Scott"...); "Mandrake" com o Marcos Palmeira, seria válido?

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