Sal Mineo em Juventude Transviada: Parece mas não deve ser

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Ele abre a porta do armário e ao invés de foto de alguma cheesecake voluptuosa em sumário traje de banho vemos Alan Ladd! Sal Mineo em Juventude Transviada (Rebel Without a Cause , 1955 de Nicholas Ray) dá o que falar ás bocas de Maltide até hoje.

Isso é comentado no documentário The Celluloid Closet (1995 de Rob Epstein e Jeffrey Friedman) que tive a oportunidade de rever outro dia na TV. Dedicado a mostrar como gays foram retratados na história do cinema, embora curioso, aparenta estar cada vez mais caduco.

Vou me reservar apenas ao caso Mineo. Se entrevistados ativistas aparecem dizendo que minorias, acostumadas a receber migalhas de si mesmas pelo mainstream, tendem a se ater a detalhes para se identificarem, o filme poderia ter se mantido mais neutro.

Isoladamente é evidente a postura homossexual do garoto, mas no contexto da história é evidente que não! Alan Ladd é um ídolo a se inspirar, do mesmo jeito que Bruce Lee está decorando a parede do quarto de John Travolta em Os Embalos de Sábado À Noite (Saturday Night Fever, 1977 de John Badham).

É um riquinho mimado desprezado e lutando para se aceito pelos caras do underground. Faz sentido se moldar num durão do cinema para tentar se aproximar dos outros até conhecer James Dean.

Juventude Transviada também discute os novos papeis sociais na América da metade dos anos 50. O padrão do que se considerava família perfeita estava ruindo, gerando uma geração sem propósitos.

O pai do Dean, submisso à esposa, chega a aparecer num ridículo avental feminino. Certeza que a intenção não era mostrar que se trata de um homem moderno, que ajuda a esposa nos afazeres domésticos, mas que era um fraco, um erro.

Da mesma forma, Sal Mineo é um pobre menino abastado de bens mas sem uma figura paterna que lhe ensine a ser homem. Estou, claro, tentando raciocinar pela época em que foi produzido.

Lembro de forma clara da primeira vez que assisti ao filme em 1991 quando eu era adolescente como os carinhas da tela. VHS novinho, decidi correr atrás de clássicos, e de clássico na minha locadora só tinha Juventude Transviada.

Lembro também que pedi pra dona adquirir algum da Marilyn Monroe. Ouvi que por ela tudo bem, mas precisava pensar como comércio, e mais ninguém alugaria, enfim...

Por imaturidade, só fui gostar de Juventude Transviado muitos anos depois. Esperava algo mais ágil, menos dramático e peguei antipatia crônica justo pelo Mineo, fraquinho, chatinho.

Em momento algum julguei que houvesse algum interesse amoroso entre os dois rapazes. Era uma vítima de bullying como tantas outras que víamos na escola tentando ser legal do jeito errado: grudando no colega descoladinho.

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2Comentários

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  1. Ótima análise, Miguel. Preciso rever, botando olho nessas coisas.

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  2. Letícia, parece ser tão mais simples do que julgam... rs

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