Ela sai à meia-noite, linda e demoníaca

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Fazia tempão que um filme não me impressionava tanto como O Demônio Sai à Meia-Noite (La plus longue nuit du diable, 1970 de Jean Brismée). A começar pela incrível (INCRÍVEL!) transformação da bonitona Erika Blanc num monstro.

Fiquei o tempo todo tentando entender se era maquiagem, uma outra atriz ou apenas um discreto trabalho de maquiagem e da atriz! Era a segunda opção.

Só destacaram o que Erika Blanc teria de feio, quase como quem desenha uma caricatura, simples e eficaz. Ela não é bruxa, vampiro nem nada muito conhecido!

É um súcubo (do latim succubus), ser mitológico medieval que ataque homens durante o sono usando sua sexualidade. A história se passa no leste europeu, num castelo com histórias macabras em cada aposento.

Começa com uma desgraça familiar envolvendo um oficial nazista e depois dos créditos avança aos dias de hoje, no caso, 1970, quando o filme ítalo-belga foi rodado. Ônibus com seis turistas pifa no meio do nada e eles vão pedir abrigo no tal castelo do nazista, agora barão.

Cada um dos turistas (mais o motorista) representam os Sete Pecados Capitais. Caberá à entidade ruiva surpreende-los em seus delitos espirituais e manda-los direto pras brasas do capeta.

Nada de fresco nesse argumento, até o programa TV Pirata fez um especial com tema igual em 1992, quando a combe com os atores ia parar num hotel estranho e cada um deles teria que se ver com suas principais iniquidades. O charme da película está na forma com que isso é contado.

Com ambientação sombria, o filme pertence aquela série de exemplos cinematográficos da época na Europa. Beldades demoníacas levando humanos à danação pelas suas vontades escusas, cenários mediévicos, ocultismo, trilha sonora com rock, insinuações de sexo, tem de tudo aqui!

E é uma maravilha de ser assistido, com terror, humor e erotismo num bom compasso. Daí, empolgadão fui dar uma olhadinha no que dizia meu Video Guia Nova Cultural 1990:

Ops! “Fita de baixo orçamento e igual talento”. Amo esses guias! Cada vez mais amarelados, quando se esfarelarem eu vou morrer junto!

Compreendo a avaliação. Esse tipo/estilo de filme era relativamente recente, passavam na TV a toda hora.

Hoje, ainda mais pela quantidade de porcarias que são lançadas a todo instante, assistimos com um olhar mais complacente. Obvio que não é uma obra-prima, mas merece mais estrelinhas que muitas aclamadas obras-primas por aí.

Não sendo enfadonho, me surpreendendo (como no caso da maquiagem da vilã), já podemos considerar uma boa opção de entretenimento. E dá pra fazer post recomentando.

O poster é um oferecimento Temple of Schlock

Veja também:
Erika Blanc, Certinha do La Dolce


[Ouvindo: Something's Gotta Give (feat. McGuire Sisters) – Frank Sinatra]

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4Comentários

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  1. Não é melhor o terror com cara humana? Pois é. E, no mundo real, não poderia ser de outra forma.

    Por isso, pfui para grandes maquiagens e CG vampirescas d'hoje.

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  2. Letícia, muito melhor. Pensei muito na diferença, ou nos exageros que os americanos geralmente fazem.

    Claro que é preciso uma atriz muito talentosa pra funcionar. Mas funciona que é uma beleza.

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  3. Aí está a arte, na minha humilde opinião.

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  4. Letícia, também acho. Quando se faz realmente a magia da enganação.

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