Inteligência na TV, essa variável!

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Olha que finess! Marisa Orth em 1991 cantando uma paródia de Cole Porter no humorístico TV Pirata.

Já nos últimos suspiros do programa, quando passou a ser mensal, separado por temas. O quadro é o Caveira, e estava atrelado ao tema Os 7 Pecados Capitais como Luxúria.

O próprio personagem Caveira era sátira aos vilões mascarados dos HQs da década de 40. Apareceu em vários outros episódios do programa.

Evidente que em 1991 eu não fazia idéia de quem era Cole Porter. Só saquei que era versão de You Do Something To Me anos depois, ao ouvir Marlene Dietrich cantando em A Mundana (A Foreign Affair, 1948 de Billy Wilder).

O quadro não era nada engraçado. Só o relembrei aqui como exemplo concreto do que era considerado humor inteligente na TV há 20 anos com o que é feito hoje.

Qualquer esculhambação (sempre com terceiros, claro) é considerada engraçada, e incensada por pessoas que exigem realmente muito pouco. Aquelas mesmas pessoas que agora se fazem ouvir graças às redes sociais.

As chances de um programa com redatores como os do TV Pirata emplacar agora são nulas. Estamos evoluindo pra onde? Ou melhor, estamos evoluindo?

Ouça a paródia no player acima, ou clicando aqui. A versão da Marlene Dietrich pode ser escutada aqui.

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6Comentários

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  1. Mas é bem por aí, Miguel. Lembro que nessa época eu gravava todos os episódios do TV Pirata (em VHSs que se perderam no tempo...), e é incrível como o humor não era algo gratuito - você precisava ter repertório pra entender, e mais ainda, ele te fazia pensar. Hoje, qualquer bordãozinho de quinta categoria faz o povo gargalhar. Haja vista a longevidade do Zorra Total...

    Você perguntou se estamos evoluindo. Eu diria é que estamos regredindo. Em direção a uma mentalidade burra, tacanha e - pior - hipócrita e conservadora, que tenta se vender por moderna e descolada. Infelizmente.

    Forte abraço!!!

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  2. Ricardo, parece que tudo o que não é compreendido é descartado como imprestável. Não se tenta mais aprender nada, além da osmose.

    Hoje temos esses programas terríveis de tirar sarro de celebridades.

    Daí, fulano cansado da vidinha chinfrim que leva se sente vingado assistindo a alguém que pretensamente está numa melhor, passando por situação constrangendora.

    Tem que ser muito pequeno pra achar que isso é humor.

    Esse dos 7 Pecados eu gravei na época também em VHS. Assisti várias vezes, por isso me lembrei quando ouvi a música sendo cantada pela Marlene Dietrich.

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  3. Miguel, mas é por isso que falei que regredimos. Criamos novas tecnologias, interligamos o mundo, temos fotos e vídeos ao alcance das mãos de qualquer um - e o que o povo mais procura no YouTube ainda é gente famosa se dando mal ou pagando mico.

    Outro dia, mesmo, tive que dar uma lição de casa... Assistindo um DVD do Monty Phyton, minha sobrinha ficou perguntando o que eu tanto dava risada. Só falei pra ela prestar atenção. Resultado: quase a mandei pro hospital, porque depois que começou a rir não parou mais.

    Mas isso exige pensar, exige atenção. E vivemos atualmente numa sociedade onde as pessoas não querem ter trabalho nenhum, nem mesmo o de pensar. Tudo tem que ser mastigado... Eu realmente tenho medo do futuro que as próximas gerações vão encontrar por aí, em todos os sentidos.

    Abração!

    P.S.: Dessa segunda temporada do TV Pirata, eu adorava o programa da "História da Humanidade".

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  4. Ricardo, ou coisas do populacho mesmo, que já tinham sido exibidas na TV. Ou nem de famosos, qualquer um que dê pra rir involuntariamente faz sucesso.

    Foi por isso que comentei que redes sociais só servem para que essa gente tenha voz ativa.Preguiça!

    Ninguém é obrigado a saber nada, mas ter orgulho da ignorância é vergonhoso.

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  5. Outro ótimo post, Miguel.
    O Ricardo disse tudo. E sabe o que é o pior disso tudo? Por levantar um questionamento desses, por vezes passamos por um julgamento burro, como se fossemos dinossauros do riso. Como se não fossemos capazes de acompanhar o novo. Novo?!
    Faz mto tempo que estamos vivendo de miséria nesse assunto. E diferente de muitos, apesar de sabermos o quão ruim um "Zorra total" pode ser, ainda nos permitimos "acompanhar" sua jornada intermitente, própria do tempo em que vivemos. A geração Z pulsa na preguiça acreditando que produzem algum conteúdo (a manutenção de seus avatares em redes sociais é tudo o que sabem fazer). Nós da geração Y ainda nos prestamos a debater isso.
    Não sou pessimista, mas acho que as coisas tendem a ficar mais rasas" nos próximos anos. Talvez por conta do inevitável ritmo frenético dos mudanças. Ou talvez pelo simples desapego com o que há de qualidade.

    Abraço Miguel,

    Alan Oliveira

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  6. Alan, aquele Comédia MTV estava indo bem. Humor cáustico sobre os costumes sociais...

    Como todos daquela emissora pequena, começam bem, vêm de origem humilde, fazem relativo sucesso e passam a ser personalidades mais importantes que seu trabalho. Ou melhor, acreditam ser.

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