Quando Hollywood só podia contar com a criatividade

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Antes da tecnologia entrar literalmente de corpo e alma em Hollywood, era obviamente necessário contar apenas com a engenhosidade. O que deve ter demorado dias pra ser planejado, hoje estaria pronto num estalar de dedos.

Na segunda versão de O Homem Que Sabia Demais (1956), Hitchcock não estava satisfeito com uma das sequências mais importantes da trama. Quando o espião despenca morto aos pés de James Stewart, que acidentalmente descobre que sua cor da pele é de mentira.

Suas mãos deveriam escorrer pelo rosto pintado, revelando ser um caucasiano. A solução encontrada foi antes pintar as mãos de Stewart com tinta clara. Então na verdade, ele está borrando de bege a cara do morto, não tirando a cor escura.

Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, 1950 de Billy Wilder) já começa com uma cena ousadíssima em termos de narrativa e técnica. É um morto (William Holden), boiando na piscina quem conta a história.

Nada de câmeras subaquáticas, e fora de cogitação o uso de caixas à prova D’água para embalar as mastodônticas câmeras da época. Montaram um andaime até metade da piscina e posicionaram a lente para um espelho colocado no fundo dela.

Falando em água e rosto borrado, muito me intrigava como Esther Williams sempre saiu da água linda nos musicais da década de 40. Maquiagem à prova d’água só seria inventada no início da década de 70.

No caso, ela precisava só de amor à profissão, desamor à própria pele e muuuuita paciência. Saiba por que neste outro post aqui.

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[Ouvindo: Que Mala Suerte La Mía - Los Amaya]

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14Comentários

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  1. Devia ser bem mais divertido trabalhar assim, não?

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  2. Letícia, devia. Mas também devia ser bem mais caro para os produtores.

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  3. Caríssimo! E demorado.

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  4. Letícia, mas fascinante como mesmo assim grandes filmes não deixaram de serem feitos.

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  5. Facinante justo por causa disso. Pelo engenho humano, que produziu grandes coisas. Hoje parece que os filmes giram em torno de um computador, o meio é o mais importante que o fim.

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  6. Letícia, sim! Galera paga ingresso pra ouvir e ver Pá!Pow!Bum! e sai achando que viu obra-prima.

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  7. Yes! Por isso os enredos cada vez mais fantásticos, coisa mais fácil de fazer...

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  8. Letícia, sim! Que ocupam o cérebro com muito barulho e poluição visual.

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  9. Assim não precisa prestar atenção no mote, no enredo...

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  10. Letícia, e assim se cria gerações e gerações de gente desacostumada a pensar. ;)

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  11. Cara, outro efeito que sempre fez a minha cabeça foi um usado em "O Homem invisível" (1933). Em várias cenas, o personagem principal tira as bandagens e fica "invisível", isso em 1933! Mas, de acordo com o que li em algum lugar na net, na verdade o ator vestia um tipo de capuz de veludo preto e colocava as bandagens por cima. Ele tirava as bandagens sempre em um lugar com fundo preto, daí ele ficava invisível.
    http://www.youtube.com/watch?v=zF9gCL8Gq1I

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  12. Eli, sei! Era o chamado matte, vovô do Chroma key. Postei sobre isso neste post aqui:

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  13. Criatividade desempenha um papel na publicidade.

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  14. Phidas, tem razão. O cinema americano teve que apontar pra outros alvos nesse sentido na hora da promoção.

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