Nem tudo foi mar de rosas no pornô 70’s

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Para a posteridade, Harry Reems será sempre lembrado como o Dr Young de Garganta Profunda (Deep Throat, 1972 de Gerard Damiano). O médico que descobre os motivos para a jovem Linda Lovelace não sentir prazer sexual: Seu clitóris se localiza no fundo da garganta.

Apareceu no também clássico The Devil in Miss Jones (1973) e dezenas de outros filmes pornográficos. Nem a prisão nos anos 70 o afastou do gênero, ao qual trabalhou até 1989, quando casou e se converteu ao cristianismo.

Assim como Lovelace, o bem dotado Reems ficou muito famoso com Garganta Profunda. Além das fronteiras dos que consomem o gênero X-rated.

Hoje, diante da industria pornográfica estabelecida (e ainda estigmatizada num nicho) é até difícil de entender o fenômeno pop desse filme. Não é à toa que muitos o consideram o ...E O Vento Levou da pornografia.

Tão forte que parecia ser a luz no fim do túnel aos grandes estúdios de Hollywood, desesperados sem saber lidar com a nova ordem pós-revolução cultural 60’s. A Fox quase falida com o monumental épico Cleópatra (1962) foi o principal alerta de que era preciso mudar.

É citado no documentário Inside Deep Throat (2005) um anexo que a Paramount chegou a construir para investir no ramo do sexo explícito. A Fox contratou o “maldito” Russ Meyer para dirigir o softcore De Volta Ao Vale das Bonecas (Beyond the Valley of the Dolls, 1970).

O problema foi que, junto ao oba-oba da sacanagem, os EUA viviam os negros anos de Nixon no poder, e depois de 74 as incertezas do que era ético. Para desviar a atenção pública, senadores atacaram a indústria pornô ferozmente.

Muito desses políticos descobriram depois, estavam envolvidos até o pescoço com corrupção. Só que eles eram a voz da moral e dos bons costumes, e colocaram o FBI no encalço de atores, produtores e distribuidores dos filmes adultos gerando muito barulho na mídia.

O ator Harry Reems inclusive foi detido nesta época, o que a princípio deve ter lhe ajudado na autopromoção. Já senhorzinho, ele aparece no referido documentário explicando o quanto isto lhe prejudicou.

Com lágrimas nos olhos, conta que esteve prestes a entrar no cinema mainstream, assinando para ser o professor de educação física em Grease - Nos Tempos da Brilhantina (Grease, 1978). Com medo da onda moralista, o estúdio recuou, rescindindo seu contrato durante a pré-produção.

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10Comentários

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  1. Nunca tinha ouvido falar em Harry Reems mas julgando pelo "desempenho" que aparece na última foto... Ele deve ter sido muito bom mesmo ._. #chocada

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  2. Pri[s], hahaha! Sempre tem a primeira vez, né? :D

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  3. Qria a versão 3D de "G.P."!!

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  4. Nessa última foto ele parece um Falcon com olho de vidro...

    Tal como a Acqua velva, eu lembro do bafafá de Garganta Profunda. Na minha cabeça (tipo 8 anos), se igualava ao Último Tango em Paris e Emanuelle. Como não sou cinéfila, não sei se podem ser comparados artisticamente.

    De qualquer forma, se igualaram neste nosso país tão cristão.

    Verif. de palavras: hutfunde, seja lá o que for!

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  5. Letícia, então... Sempre que eu vejo princípios morais sendo debatidos ferozmente por políticos lembro desse lance. Ótimo mote pra esconder assuntos sérios.

    Não é a toa que nas véspera de uma eleição presidencial o povão tá mais preocupado com quem é contra ou a favor de aborto do que com projetos de educação.

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  6. Nunca vi uma eleição que trouxesse à tona tanta merda, Miguel. O que a gente esperava desde o tempo do "Vale Tudo"?

    Que o mundo evoluísse, não? Mas se deu o contrário. Parimos uma geraçãozinha conservadorinha de subúrbio. Tenho medo dessa gente.

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  7. Letícia, verdade absoluta. Regrediu muito socialmente, politicamente.

    Só evoluiu na aceitação da bandalheira. Brasileiro se sente vingado fazendo piada. tai o problema.

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  8. Não sei o que é pior: fazer piada ou levar a sério esses temas (argh!) "polêmicos". As opiniões são sempre tão bundas, tão superficiais...

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  9. Letícia, não tenho mais esperanças. Pra mim é como dizia aquele filme: Cronicamente inviável!

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