Violeta Triste

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“Sr. Diretor
Escrevo-lhe para dizer que, quando eu era mocinha, fui molestada por um homem, casado. .. Agora tenho 19 anos e um jovem, que julgo bom e sério, pediu-me em casamento. Eu, porém, estou indecisa: não sei o que lhe responder porque penso que deverei dizer-lhe o que aconteceu no passado. Ao mesmo tempo receio que depois dessa confissão êle não me queira mais.
Violeta Triste”


E cartinhas de leitores a revistas a gente sempre olha de soslaio. Multiplique a desconfiança quando se trata de uma publicação como a Família Cristã.

60’s ainda por cima!!!! Nem vou comentar a veracidade da carta... Mas a resposta estapafúrdia que ela receber!

A moça foi VIOLENTADA, está com medo de contar ao futuro noivo que não é mais casta... O tal diretor ao invés de encorajá-la contra a violência feminina passa-lha um sabão.

Respeitando a época da revista, claro, quando era socialmente essencial a preservação da virgindade para casar... Só que estupro sempre foi estupro mesmo no século passado.

Ela não está dizendo que "deu um mau passo". A canalhice do cara que respondeu (um homem obviamente) sugere que o hímen seja defendido até com a vida! Oi?

Transformação da vítima em culpada. E com as bênçãos da Santa Sé!

O texto arcaico seria até engraçado se não fosse vergonhosamente preconceituoso. E é esquisito que até hoje vemos opiniões muito parecidas, vindas de gente que nem religiosa é.

Para ler melhor, clique na imagem ou aqui.

Veja também:
Pergunte ao Guru


[Ouvindo: A Little Love Story – Asami Kuroda]

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9Comentários

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  1. Oh! Até que enfim obtive resposta para os meus tormentos!

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  2. Letícia, vai me dizer que você não preservou intacto o lírio de seu coração?

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  3. Ainda fico sem fala para coisas como essa... Parece tão arcaico que é difícil acreditar que tenha sido a menos de 50 anos!

    E coisas como essa - transformar vítima em culpada - continuam acontecendo no mundo. Hoje, agora. É triste e revoltante pensar nisso.

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  4. O Código Civil considerava a mulher relativamente capaz, ou seja, ela necessitava ou do pai ou do marido para convalidar os atos da vida civil, antes da CF/88.
    Era implicitamente considerada propriedade do marido, portanto, ela sendo não virgem o casamento poderia ser anulado legalmente.

    Precisa comentar mais alguma coisa?

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  5. Pris, SUPER continua acontecendo. Ainda está nas páginas policiais a historinha do jogador de futebol, né?

    E mais triste ainda é ver mulheres apoiando a ideia de que a suposta "vítima" fez por merecer...

    Talita, isso até pouco tempo! Somos atrasadíssimos em direitos civis, mas nos orgulhamos de ser o maior país católico. Enfim...

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  6. Eu lembro de um professor de biologia, o Robertinho, que defendia a supressão do hímen na maternidade, juto com o teste do pezinho, essas coisas.

    Assim igualava todo mundo, ninguém teria com o que barganhar e ninguém apanhava por isso.

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  7. Letícia, ai, como assim? Imagina que coisa mais "O Herodes do hímen"!

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  8. Sim. Procedimento de rotina, sem maiores delongas. Igualaria as meninas no ato do nascimento. Assim não cresceriam nessa classificação cruel: "eu sou virgem, você não é". E vice-versa.

    E os homens e a sociedade seriam obrigados a escolhas baseadas em critérios menos calhordas.

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  9. Letícia, e como estes estigmas ainda sobrevivem é uma loucura!!!

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