Para seletos bicos

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Muito azar o meu ter Drácula em edição de bolso da Ediouro. Texto integral, mas pra caber tudo tacaram uma fonte minúscula que vai de fio a pavio de cada página.

É a velha máxima do “Não existe almoço grátis” empregado ao mundo editorial. Levei quase a eternidade vampiresca para terminar cada página e mais ainda para finalizar o livro.

A galerinha habituada à fonte 18 dos Harry Potter e Twilight da vida fugiria como o diabo da cruz. Com certeza absoluta.

Mas nada a reclamar da capa, com um sujeito que lembra bastante o Bela Lugosi. É (junto a não ter comprado outra edição) motivo suficiente para não me desfazer dele.

Aproveitando o ensejo, muito estranho livros de bolso nunca terem alcançado seu merecido lugar ao sol do Brasil. Fora aquelas edição com capas horrendas da Martin Claret que se acha praticamente em qualquer botequim.

No supermercado que freqüento há uma pratileirinha que pode explicar o insucesso do formato. Nenhum custa menos do que R$ 19,99!

As versões bolso seriam grande motivo para o barateamento (e popularização) dos títulos, econômicos e cômodos de carregar. Ainda mais se lembrarmos (e ninguém lembra mesmo) que este tipo de produto está isento de impostos.

E assim voltamos ao tema inicial do post (Drácula e “não existe almoço grátis”) para justificar o surgimento das livrarias babilônicas, semelhantes às mastodônticas construções de igrejas evangélicas (também isentas de impostos). O caminho é tirar sangue!

Veja também:
Petrobrás, a gente não quer só comida
Drácula em quadrinhos
Irmãos de sangue


[Ouvindo: L'exode – Yasuo Sugiyama]

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12Comentários

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  1. Donde se conclui que aí há roubo. (Sorry, entrou na seara da mamãe aqui...). Fora o roubo deslavado do sr. Martin Claret, que tunga traduções mais antigas, não paga direitos, dá uma disfarçada no texto e publica, com sua imensa e desgastada cara de pau.

    Isso + diagramação porca pra economizar página + encadernação sem costura + aquelas capas que fariam corar os seres mais tenebrosos da Transilvânia = roubo.

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  2. Letícia, e não se lê uma só linha se quer quanto a esse sumiço de impostos em nenhum lugar da grande mídia!

    Já vi um dono de famosa livraria sendo entrevistado na TV quase como herói. Onde está o heroísmo em vende 2 quilos de papel a 70 reais isentos?

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  3. Sei de casos escabrosos nesse meio.

    Editoras trabalham com propriedade intelectual que não tem como se estabelecer valores médios. Cobra-se e paga-se na base de o céu é o limite.

    Aí, a editora X paga 500 reais pro Refer fazer a tradução de um livro. Mas lança 5 mil nas despesas de produção do livro. É uma roubalheira ducaralho. A estrutura editoral, com a combinação de isenção de impostos e valores abstratos em relação à propriedade intelectual com os quais trabalha, é a que mais facilita a ação mafiosa e a lavagem de $$. SE eu fosse o Beira-Mar, largaria essa bobagem de tráfico de armas e entorpecentes e abriria editoras.

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  4. Refer, e todos fecham os olhos, porque cultura é quase uma religião... :/

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  5. Também acho mais que certo Miguel! Os livros de bolso são perfeitos! eu tenho vários e costume sempre querer mais e não são de uma linhagem só são várias... eu até aprendi a fazer trovas com livro de bolso! e pretendo quando terminar meu livro e editar só em livros de bolso!

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  6. Lá no Flanela tem o link nãogostodeplágio, da denise Bottmann. Ela tem a infinita paciência de cotejar textos e indica (as poucas) matérias que saíram na grande mídia.

    Mas, como esse é um rincão atrasado, há quem ache superbacana ser roubado, porque tem a firme impressão de que é ele quem está afanando, tudo em nome da cultura para todos.

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  7. witch_verde, tomara que tudo ocorra bem. Acho um bom veículo para um país como o nosso. Precisaríamos de mais seriedade editorial.

    Letícia, humpf! Cultura para todos com o chapéu alheio?

    Mania de brasileiro se achar o esperto não criando, mas afanando conteúdo alheio.

    A sinhá se inteirou sobre o processo do blogueiro por causa de um comentário anônimo?

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  8. Sim, sim. Não sei (a gente nunca fica sabendo) quais foram as ofensas, e se foram.

    Tem um certo limite lá em casa. Não só para críticas, mas para elogios tb. Um e outro podem ser de uma vulgaridade ímpar. Quando passa de um certo limite, não libero.

    De qualquer modo, é de se tomar cuidado e ter sempre um adê à mão.

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  9. Letícia, acho moderação de comentários uma coisa péssima.

    Não levo em conta quais comentários foram ou não feitos. Não me parece ser justo que o blogueiro pague o pato.

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  10. Ressalvo que minhas tesouradas não têm que ver com política ou opinião. Só quero manter o bom nível lá em casa, até porque de vez em quando coloco uns assuntos que atraem certo tipo de pensamento que vou te contar! Lembro uma vez que fiz uma gracinha com um militar bonitão em voga, e minha caixa de comentários a liberar ficou parecendo um salão de cabeleireiro escorregadio, de tanto elogio merdilainesco, que me deu até vergonha. Vergonha do cara (que certamente viu) e dos leitores habituais.

    Também não concordo que o blogueiro responda por isso. Uma coisa é o cara fazer um post ofensivo, outra é você querer dizer uma coisa e os comentadores não entenderem nada e partirem pra ofensa (o que é comum - é o SENSO comum).

    Mas a lei é a lei, Miguel, fazer o quê? Somos nós os responsáveis por estampar aquilo, em público e pra quem quiser ver.

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  11. "A galerinha habituada à fonte 18 dos Harry Potter e Twilight da vida fugiria como o diabo da cruz. Com certeza absoluta."

    Hahahaha. Eu ri!

    Seria adequado dizer assim: Ô moleques desocupados, vão ler Drácula de Bram Stoker!

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  12. Letícia, com certeza. Mas praticamente, pra mim será a morte.

    Adoro o costume de olhar o gmail, ver que tem comentário, entrar aqui, abir a janelinha e ler.

    Que eu me lembre, só uma vez precisei clamar ao sujeito pelas regrinhas impostas ali o lado. E tive um comentário idiota e ofensivo que como nem merecia resposta deletei.

    Igres, fonte pequena está para essa gente como filme preto e branco. Afugenta!

    Quanto mais mastigadinho melhor pra eles. Lei do esforço mínimo.

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