Sem título

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Kill Bill Vol.2


Perceba, meu caro, que basta se fazer qualquer comentário sobre uma telenovela que alguém a seu lado sempre atirará, de sorrisinho de lado, um "heheheh, noveleiro!". Todo mundo vê, mas o estigma de "coisa de mulher" continua firme. Tinha apenas 8 anos quando atravessei o Atlântico rumo à terra do carnaval, animais silvestres abissais e, claro, telenovelas. Talvez, tal e qual a corte de D. João VI, me gelava a espinha imaginar andar pelas ruas lado a lado com onças, araras e mulatas ensandecidas com as vergonhas todas de fora! Quanto às telenovelas, permanece viva em minha pueril mente a Tônia Carrero fazendo top less na praia. Coisas de Gilberto Braga em sua Água Viva. Aí ainda fiz minha jura de nunca colocar meus pezinhos em Angra dos Reis, lugar amaldiçoado, onde morreu tanta gente. Aliás, foi lá onde a lancha de Miguel Fragonard foi pelos ares. E o nome Miguel sempre foi nome de criança, nunca combinou com um senhor careca como o Raul Cortez! Gott! E tinha a Cabocla, cujo último capítulo só fui assistir na casa de um primo lisboeta endinheirado, graças a uma importantíssima novidade: O VHS! Minha mãe lamentando que por pouco meu pai não conheceu a incrível invenção japonesa que permitia gravar o que se via na TV, bem menos trabalhoso que o indigesto Super 8 e suas lâmpadas perecíveis. Foi nessa novela, entre os namoricos da Glória Pires e Fábio Júnior, onde ouvi a palavra "trouxa" pela primeira vez. Estive terminantemente proibido de sair repetindo isto pelas ruas. Poderia ser uma daquelas palavras muito feias! Anos mais tarde descobriu-se que muito pouco disto era verdade...


[Ouvindo: Corrente - Chico Buarque]

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